Para Vale, volume de minério de ferro em mina da Bamin não justifica investimento na Fiol 1

Para Vale, volume de minério de ferro em mina da Bamin não justifica investimento na Fiol 1
Foto: Reprodução/Vale

O vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Marcelo Bacci, disse nesta sexta-feira (1º) que o volume de minério de ferro reunido na mina da Bamin (Bahia Mineração S.A.) não justifica investimento na Fiol 1 (Trecho 1 da Ferrovia Oeste-Leste), entre as cidade baianas de Ilhéus e Caetité. Para ele, seria preciso contar com a receita do transportes de outros produtos da região ou a presença de um parceiro para garantir a viabilidade do empreendimento.

“Existe um grande desafio logístico no projeto da Bamin, que é a construção de uma infraestrutura muito importante. Quando você olha a quantidade de minério disponível, só essa quantidade de minério não remunera a construção da infraestrutura que é necessária ali em termos de evolução”, afirmou o executivo em entrevista a jornalistas. “Esse é o desafio, por isso nesse projeto, até hoje, nós não encontramos uma forma econômica de desenvolvê-lo”, acrescentou.

Bacci explicou que, mesmo com o cenário desfavorável ao empreendimento, “a análise segue” sobre o avanço de eventual negociação. “Não houve nenhuma decisão por conta disso. A gente segue buscando potenciais soluções, mas neste momento não dá para dizer ainda se é possível, ou não, seguir”, afirmou.

‘Outros produtos’
Na visão do CFO da Vale, pode-se buscar alternativas com o aumento do volume de carga na ferrovia para fazer o projeto parar de pé. “Teria que criar uma solução logística que envolva o transportes de outros produtos para rentabilizar e viabilizar o investimento logístico. A Vale é uma empresa de mineração, nós não somos uma empresa logística”, afirmou, reforçando que “não cabe a nós” fazer o investimento na logística para buscar outros produtos e que ainda não foi possível “desenhar uma equação que faça essa conta fechar”.

Para Bacci, a chegada de um “parceiro” para o negócio também pode ser uma saída. “Acho que provavelmente com parceiros, sem dúvida, porque a gente precisa trazer outras cargas que viabilizem a parte de logística”, apontou. Questionado se o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderia assumir este papel, o executivo desconversou, não negou nem confirmou.

A concessão da Fiol 1 foi licitada em 2021. A Bamin deveria entregar a ferrovia operacional até 2026, mas executou um percentual abaixo do previsto no contrato até anunciar em março a paralisação das obras. Como mostrou a Agência iNFRA, a empresa apresentou uma proposta de reequilíbrio contratual recentemente.

Por Rafael Bitencourt, da Agência iNFRA